José Candido de Mello Carvalho

Natural de Conceição Aparecida, Minas Gerais, freqüenta o Seminário Diocesano de Guaxupé e termina seus estudos básicos em Franca-SP, no Ginásio Champagnat.

Em 1929 concluiu o Curso Técnico de Agrícola da Escola Superior de Agricultura e Veterinária – ESAV, onde forma-se em Medicina Veterinária em 1938. Declarava sempre que aí recebera a influência decisiva de três grandes mestres: Rui Comes de Morais em Parasitologia, João Moojen de Oliveira em Zoologia e João Geraldo Kuhlman em Botânica.

Concluiu o Mestrado em Zoologia, nos Estados Unidos da América, na Universidade de Nebraska, em 1940, e o Doutorado na Universidade de Iowa, em 1942. Nesta época inicia seus estudos em Hemiptera, especializando-se na família Miridae, considerando seu estudo um verdadeiro desafio.

Em 1946, ingressa no Museu Nacional, iniciando então uma série e excursões de pesquisa pelo País. Renova e reabre ao público o Museu Paraense “Emilio Goeldi” (1953/1954) e dirige o Museu Nacional (de 1955 até 1961).

Conhecedor da fauna brasileira pela observação de campo, fruto de suas numerosas excursões, sabia do comportamento e hábitos da maioria dos mamíferos, aves, répteis e anfíbios, para não citar a entomologia, sua especialização. Corrige inúmeras crendices e distorções sobre nossos animais. Realiza 26 grandes expedições, algumas de vários meses; percorre 18.000 km em canoa, jipe, lombo de burro e a pé.

Como entomólogo, grangeou renome internacional, publicando o “Catálogo de Mirídeos do Mundo”, em cinco volumes. Compara e relaciona material nos museus de Paris, Amsterdã, Estocolmo, Helsinque, Copenhage, Bruxelas, mais os da Índia, Japão, Havaí, sem esquecer as coleções brasileiras. Descreve 267 gêneros e 1.319 espécies, sendo, sem dúvida, a maior autoridade mundial em Miridae.

Como pioneiro e líder na arca de Conservação e Proteção, em 1958 compareceu ao Congresso Internacional de Londres, onde é eleito Representante para a América Latina da União Internacional de Conservação da Natureza.

Ainda em 1958 , cria a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN) da qual foi presidente por dois mandatos.

Participa de todas as fases da legislação ambiental, destacando-se a Lei de Proteção à Fauna; organiza a primeira “Lista das Espécies de Animais e Vegetais Ameaçadas de Extinção”, e a portaria do IBDF que deu proteção legal aos animais do País, como membro do Conselho Nacional de Pesquisas, onde atinge a vice-presidência.

Foi membro do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (ISPHAN), do Conselho Federal de Cultura, do qual foi presidente da Câmara de Ciências.

Outra contribuição marcante de José Cândido foi ao Grande Dicionário da Língua Portuguesa (conhecido como Aurélio), procurando trazer à consulta popular o que só se encontrava nos meios científicos.

O ilustre professor, pesquisador e zoólogo foi presidente permanente dos Congressos Internacionais de Entomologia, membro efetivo e honorário das mais importantes Sociedades Científicas, professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com 19 prêmios e medalhas, em que se destacam as da World Wild Foundation e da Zoological Society of London. Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências desde 1951.

Publica cerca de seiscentos trabalhos. Recebe o Prêmio Firmino de Melo Leitão – ABC; Prêmio Costa Lima – ABC; Medalha de Mérito Ex-aluno – Universidade de Viçosa; Medalha de Ouro da Sociedade Brasileira de Zoologia; Ordem do Mérito Cientifico, na Classe de Grã-Cruz.

Falece aos 80 anos, em 2110.1994.

Fonte: Texto de Solon Leontsinis
Museu Nacional, UFRJ

José Cândido de Mello Carvalho

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